Os sinais de Internet começaram a ser restaurados em Gaza, de acordo com a ferramenta NetBlocks, um Observatório da Internet mundial.
A informação também foi confirmada pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos. Os sinais tinham sido cortados na sexta-feira, em meio a um grande bombardeio lançado pelo estado de Israel.
Com a retomada parcial dos serviços, foi possível restabelecer totalmente o contato do governo com os brasileiros que estão em Gaza. São cerca de 30 pessoas que aguardam a abertura da fronteira com o Egito para serem repatriados. Eles estão hospedados nas cidades de Rafah e Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza. Há quase duas semanas, uma aeronave da Presidência do Brasil aguarda no Cairo a autorização para resgatá-los.
Segundo informações obtidas pelo embaixador Alessandro Candeas, na região de Khan Yunis há relatos de problemas para conseguir acesso a água e gás e de proliferação de mosquitos.
Algumas das crianças estão gripadas e com irritação nos olhos. O governo federal segue monitorando diariamente a situação.
Até mesmo órgãos das nações unidas como a Organização Mundial da Saúde haviam perdido contato com seus funcionários.
Mas o diretor geral da OMS, Tedro Adhanom, confirmou que foi possível ter notícias deles nessa manhã. De acordo com Adhanon, esses funcionários e suas famílias não estão seguros, assim como todas as pessoas em Gaza. Eles relataram que as duas últimas noites foram extremamente tensas, com muitos ataques aéreos, e sem combustível, água, eletricidade, conectividade ou abrigos para até as pessoas pudessem escapar.
O chefe da OMS reiterou, ainda, que os hospitais estão superlotados e que é necessário mais suprimentos médicos. E clamou novamente por um cessar fogo humanitário, pela proteção das unidades de saúde e dos trabalhadores das forças humanitárias.
A população de Gaza também está ficando sem comida e outros itens básicos. Neste sábado, milhares de pessoas invadiram depósitos das nações unidas em busca de comida e itens de higiene.
O diretor da Agência da ONU para Refugiados declarou que a ordem civil está desabando após três semanas de guerra e que as pessoas estão assustadas, frustradas e desesperadas.
De acordo com a ele, a chegada de ajuda apenas a bordo de caminhões que entram pela fronteira com o Egito é insuficiente, porque a necessidade de itens de sobrevivência é imensa e está aumentando. Até este domingo (29), apenas 80 caminhões entraram em Gaza e por causa da dificuldade de comunicação, com o corte da Internet, não foi possível sequer organizar novos comboios.
Até o momento, de acordo com o Ministério de Saúde Palestino, mais de 7,5 mil pessoas já morreram na Faixa de Gaza, por causa dos bombardeios israelenses. A metade delas eram crianças. O número de feridos se aproxima de 20 mil.
A situação na região escalou em violência, após o grupo palestino Hamas perpetrar um ataque surpresa contra Israel no dia 7 de outubro, que deixou cerca de 1400 mortos. Em retaliação, Israel tem bombardeado a Faixa de Gaza intensamente desde então e já anunciou que vai intensificar os ataques e fazer também operações por terra.
Esse anuncio levou a Assembleia Geral das Nações Unidas a aprovar, com 120 votos favoráveis, uma resolução em que pede uma “trégua humanitária imediata”, além da proteção de civis, com o cumprimento de “obrigações legais e humanitárias” por todas as partes; e a “libertação incondicional e imediata de todos os civis presos”.
Imagem: Brasileiro Hasan Rabee mostra fila nas padarias de Khan Yunes, cidade ao sul da Faixa de Gaza © Agência Brasil