A presença do presidente Lula em Buenos Aires, na Argentina, país que hoje ocupa a presidência da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), marca o retorno do Brasil ao grupo após três anos de afastamento.
Para o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Alcides Costa Vaz, é um passo importante para a retomada do diálogo político e da cooperação regional.
“Essa reassunção da Celac, a agenda da política externa brasileira e da própria política regional me parece muito bem-vinda. Porque não há que se pensar em termos excludentes, ou temos que nos relacionar prioritariamente com o Mercosul, ou com a América do Sul, ou com a América Latina. Acho que são todos parceiros importantes. O que eu disse em relação à Argentina, para com as exportações de manufaturas brasileiras, vale também para América Latina com o seu conjunto”.
O Brasil participou diretamente da criação da Celac ao convocar e sediar, em 2008, na Bahia, a primeira cúpula de países da América Latina e Caribe. Em 2010, a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) foi formalmente estabelecida no México.
O grupo busca a integração e a coordenação política, econômica e social de todos os 33 países da região latino-americana e caribenha, e discute temas como meio ambiente, segurança alimentar e energética, transportes, desarmamento nuclear e transformação digital. É o que explica o embaixador e secretário das Américas, Michel Arslanian Neto.
“O governo do presidente Lula vem com este propósito muito claro de privilegiar o caminho da negociação, do diálogo, de buscar pontos de entendimento. Há diferenças de posição, há problemas questionáveis, mas o caminho para a gente resolver os problemas é na base do diálogo e na busca destes pontos de entendimento. E com esta noção de que o nosso espaço regional é fundamental para construir soluções não só para o nosso convívio, mas para responder aos grandes desafios que hoje se apresentam: o tema da mudança do clima, do meio ambiente, da segurança alimentar”.
A Celac também é uma importante ferramenta para o diálogo da América Latina com o mundo. Hoje, o grupo mantém mecanismos de cooperação com a União Europeia, China, Rússia e Índia, além de outros países.