A Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC) revisou de 10,1% para 9,2% a previsão de retração no volume das vendas no varejo ampliado para este ano. No varejo restrito, que exclui os ramos automotivo e de materiais de construção, a projeção de queda também diminuiu de 8,7% para 6,3%.
As estimativas foram calculadas com base nos dados positivos da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que indicou crescimento de 13,9% no volume de vendas no comércio varejista nacional, em maio, na comparação com abril. A alta foi registrada após dois meses de queda em consequência dos efeitos da pandemia do novo coronavírus (covid-19).
No dia 16 de junho, a CNC tinha anunciado retração de 10,1% no volume das vendas no varejo ampliado este ano. No varejo restrito, havia projeção de queda de 8,7%. As estimativas também levavam em consideração os dados da Pesquisa Mensal de Comércio, mas eram referentes a PMC de abril.
Ao comentar as previsões de abril, o presidente da CNC, José Roberto Trados, disse que em ambos os casos “a crise sem precedentes imposta à atividade econômica, na história recente”, deveria levar o setor a registrar a maior queda anual desde os anos 2000. Sem os efeitos da pandemia, a previsão da CNC divulgada em fevereiro com base em dados de dezembro de 2019 era de crescimento de 5,3% para o setor neste ano.
Avanço
Na revisão apresentada nesta quarta (8), a entidade indicou que a queda do isolamento social e as estratégias de e-commerce ajudaram o varejo a repor parte das perdas impostas pela covid-19, até o momento. A expectativa é que o setor também avance em junho, com o início da flexibilização das medidas restritivas de distanciamento social.
Para o presidente da CNC, o comércio mostra sinais de recuperação, “após chegar ao fundo do poço”. Ainda assim, estimou que a recuperação do setor ainda depende dos impactos da crise em alguns pontos como o mercado de trabalho.
“Mantida a tendência gradual de abertura dos estabelecimentos comerciais, o setor deverá apresentar perdas menos acentuadas nos próximos meses. Contudo, mesmo em um cenário mais próximo à normalidade operacional, a recuperação da atividade comercial ainda dependerá dos impactos da crise sobre variáveis condicionantes do consumo, como o mercado de trabalho, a oferta e a demanda de crédito e o nível de confiança dos consumidores”, observou.
Na visão da CNC, embora o varejo tenha registrado elevação de 13,9% em relação, a abril, a alta foi insuficiente para o setor recuperar as perdas de março de 2,8%, e de abril, de 16,3%, que refletiram diretamente nos efeitos da pandemia sobre o consumo.
Perdas
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março, até o fim de junho, os prejuízos do setor com a crise, segundo a CNC, atingiram R$ 240,8 bilhões. O economista da CNC responsável pelo estudo, Fabio Bentes, disse que as perdas do setor atingiram o pico em abril e a partir desse momento têm sido menores.
“As perdas mensais de faturamento em relação ao período anterior ao surto da doença se aproximaram de R$ 40 bilhões em março, atingindo, rapidamente, um pico de R$ 77,4 bilhões em abril. Desde então, o setor segue apresentando perdas menos intensas”, disse.
A CNC destacou que um levantamento da Receita Federal indicou que o volume de vendas no comércio eletrônico tem evoluído de forma acelerada nos últimos meses, e esse é um dos fatores da evolução registrada no comércio depois de maio. Na comparação de maio de 2020 com igual mês do ano passado, houve alta de 39%, mas na relação de junho com igual mês em 2019, o aumento real ficou em 72%.
O economista ressaltou também que o número de notas fiscais eletrônicas que, em fevereiro deste ano, tinha média diária de aproximadamente 650 mil emissões, subiu para 1,26 milhão de operações no último mês. “Em junho de 2019, foram emitidas 520 mil notas diárias, registrando, portanto, um avanço de 142% no comparativo anual”, disse.
Pelos cálculos da CNC, o início das flexibilizações em diversas regiões do país reduziu em R$ 13,3 bilhões os prejuízos do comércio em junho. A entidade avaliou que se a queda no índice de isolamento social mantivesse o ritmo mais lento dos últimos meses, as perdas do varejo chegariam a R$ 67,9 bilhões, no mês passado. Com a redução das medidas restritivas, o volume caiu para R$ 54,6 bilhões. Agência Brasil.