“Mais um anúncio importante para o Brasil. O setor do aço vai investir, em cinco anos, R$ 100 bilhões para fortalecer a indústria siderúrgica, fundamental para outros setores industriais e da construção civil. Vamos gerar mais empregos e melhorar a qualidade de vida das famílias brasileiras, com um país mais atrativo para novos investimentos”, comemorou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula fez também, na tarde desta segunda-feira (20), um balanço de como as medidas e a agenda do Governo Federal estão atraindo a atenção do mundo e dos atores econômicos internos.
“Eu vejo o otimismo do mundo com relação ao Brasil. Aqui eu já recebi o Banco Asiático, já recebi o FMI, já recebi o Santander, já recebi o Citibank. Todas as pessoas que nem me cumprimentavam há muito tempo vêm aqui para me dizer o seguinte: ‘presidente, esse é o momento do Brasil, o Brasil não pode jogar fora essa oportunidade’”, relatou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em evento que reuniu o setor de siderurgia no Palácio do Planalto.
“O mundo, quando pensa na questão climática, olha o Brasil, quando pensa em transição energética, pensa no Brasil. O Brasil é exatamente a bola da vez”, disse Lula, ao comemorar um ciclo de investimentos prometido pelas empresas associadas ao Instituto Aço Brasil. “E veja o que aconteceu nesses 16 meses: além de a gente anunciar o Novo PAC, a indústria automobilística já anunciou o investimento de R$ 130 bilhões, dos quais R$ 124 até 2028, e o restante até 2033. Estamos anunciando R$ 100 bilhões agora.”
Contra o protecionismo
Desde o final de abril o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) alterou, por um ano, a taxação de 11 itens da siderurgia, que subiram de 11% para 25%. A medida foi considerada um avanço por setores da indústria e defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como fundamental para enfrentar o protecionismo. “O Mdic foi muito bem em eliminar concorrência desleal em aço”, disse Haddad.
Ao lado de Lula no evento, o vice-presidente Geraldo Alckmin também celebrou o anúncio como retorno das medidas que vêm sendo adotadas pela economia brasileira desde o ano passado. “O Brasil está entre os 10 maiores produtores de aço do mundo. Com a melhoria do ambiente de negócios, por meio de iniciativas como a reforma tributária, e o fortalecimento das medidas de defesa comercial, estamos melhorando a competitividade da nossa indústria, protegendo os empregos brasileiros contra práticas desleais de comércio e aumentando a confiança dos nossos empresários”, afirmou o chefe do Mdic.
Alckmin ressaltou a imposição de cotas de importação como algo novo no setor. “Nós fizemos uma medida inédita no Brasil, que é a cota. Ou seja, pegamos a média das importações de 2020, 2021 e 2022, acrescemos mais 30% e aí dissemos: essa é a cota, até esse valor não tem nenhum aumento de imposto de importação. Agora, o que passar disso, aí terá 25% de imposto de importação”, explicou. “Isso foi perfeitamente entendido por toda a indústria, e o resultado são R$ 100 bilhões de investimentos, melhorando a competitividade, descarbonização, gerando emprego, gerando renda”, completou.
O presidente do conselho diretor do Instituto Aço Brasil, Jefferson de Paula, observou que a taxação temporária trouxe esperança para a indústria, como primeiro passo para a redução da entrada desenfreada de importações no Brasil. “Reafirmo a disposição da indústria do aço de se engajar no esforço de retomada do crescimento do país”, disse.
Já o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Ricardo Alban, equiparou o anúncio do setor do aço aos investimentos previstos pelo setor automotivo, após o lançamento do programa de Mobilidade Verde e Inovação, Mover, no final de 2023.
“Há um ano se falava que estávamos fazendo uma liquidação de automóveis, e hoje nós falamos em R$ 130 milhões de investimentos nesse setor. No final do ano passado, se falava em fechamentos de alto-fornos [na indústria siderúrgica], e hoje estamos falando em investimentos de R$ 100 bilhões.”
Reindustrializar o País
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, criticou os governos anteriores por ostentarem políticas nocivas ao desenvolvimento industrial e à soberania econômica: “Não só tivemos, no Brasil, um negacionismo na saúde pública, um negacionismo ambiental, mas tem um negacionismo no debate econômico. Essa ideia de abertura comercial unilateral é ingênua e é insustentável no mundo que nós estamos vivendo”, afirmou.
Mercadante comparou a expectativa de R$ 100 bilhões de investimentos do setor de siderurgia até 2028 com os dos últimos 20 anos, quando o BNDES investiu R$ 39 bilhões no setor. “Estamos com a porta aberta, queremos estar na linha de frente dessa parceria, muito mais orgânico na relação, como foi no passado, o BNDES e o setor siderúrgico”, afirmou ele, que ressaltou ser importante enfrentar o negacionismo e tomar medidas mais ousadas para reindustrializar o País. “A indústria siderúrgica, durante 25 anos, cresceu 10% ao ano. Então, onde que nós nos perdemos? Nesse emaranhado que nós estamos envolvidos aí desde o consenso de Washington, que não é consenso nem mais em Washington”, disse.
“Estamos iniciando a reversão da desindustrialização que o Brasil foi vítima. Isso não vai se aprofundar se nós não tivermos uma relação mais criativa entre Estado e mercado. Não é voltar ao modelo anterior. Mas um Estado que induz, um Estado que seja parceiro, um Estado que ajude a financiar e ajude a defender o setor produtivo, porque o protecionismo está por toda a parte”, completou.
Por Agência Gov