As empresas e famílias pagaram taxas de juros mais baixas em julho, informou hoje (28) o Banco Central (BC), ao divulgar as Estatísticas Monetárias e de Crédito.
A taxa média de juros para as pessoas físicas no crédito livre chegou a 39,9% ao ano, queda de 1,5 ponto percentual em relação junho. Já a taxa média das empresas ficou em 12,3% ao ano, redução de 0,7 ponto percentual na comparação com o mês anterior.
A taxa do crédito pessoal (não consignado) chegou a 82,3% ao ano, com recuo de 2,7 pontos percentuais em relação a junho. Os juros do crédito consignado caíram 0,6 ponto percentual para 19% ao ano.
A taxa do cheque especial chegou a 112,7% ao ano, queda de 0,3 ponto percentual em relação a junho.
Já os juros médios do rotativo do cartão de crédito subiram. A taxa chegou a 312% ao ano, com alta de 9,4 pontos percentuais. No caso do rotativo regular, quando o cliente paga pelo menos o valor mínimo da fatura, a taxa chegou a 279,2% ao ano, alta de 31,1 pontos percentuais. A taxa do rotativo não regular chegou a 331,7% ao ano, queda de 2,3 pontos percentuais em relação ao mês anterior.
Essas taxas são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado tem regras definidas pelo governo, e é destinado, basicamente, aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.
No caso do crédito direcionado, a taxa média para pessoas físicas caiu 0,2 ponto percentual para 7,1% ao ano. Para as empresas, a taxa subiu 0,6 ponto percentual para 7,1% ao ano.
Inadimplência
A inadimplência (considerados atrasos acima de 90 dias) das famílias, no crédito livre, recuou 0,1 ponto percentual para 5,1%. A inadimplência das empresas no crédito livre caiu 0,2 ponto percentual para 1,8%.
No crédito direcionado, a inadimplência recuou 0,1 ponto percentual para as famílias, ficando em 1,5%. E para as empresas, permaneceu em 1,9%.
Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, a redução da inadimplência em cenário de crise econômica gerada pela pandemia da covid-19 ocorreu devido às medidas de renegociação de dívidas e postergação de parcelas pelos bancos. Outro fator citado por Rocha foi o pagamento do auxílio emergencial. “O auxílio emergencial recompôs a renda das pessoas afetadas pela pandemia”, disse.
Concessões
As concessões totais de crédito somaram R$ 341 bilhões em julho. Na série com ajuste sazonal, houve elevação mensal de 9,4%, com variações de 13,3% a empresas e de 5,9% para famílias. No acumulado do ano, comparado ao mesmo período de 2019, as concessões totais cresceram 6%, refletindo a elevação em pessoas jurídicas (15,2%), e a contração em pessoas físicas, de 1,7%.
Segundo Rocha, o crescimento do crédito para as empresas foi puxado pelo capital de giro e pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), criado para combater os efeitos da crise.
No caso das pessoas físicas, a expansão do crédito foi influenciada por cartão de crédito à vista, financiamento imobiliário e para a compra de veículos. De acordo com Rocha, isso pode ter acontecido como efeito da reabertura do comércio, o que estimulou as pessoas a levarem adiante os planos de comprar ou trocar de carro, por exemplo.
Saldo
O estoque de todas as operações de crédito do sistema financeiro ficou em R$ 3,666 trilhões em julho, aumento de 1% em relação a junho, com acréscimos de 1,2% na carteira de pessoas jurídicas (saldo de R$ 1,6 trilhão) e de 0,9% em pessoas físicas (R$ 2,1 trilhões). Em 12 meses, o crescimento da carteira total acelerou de 9,9%, em junho, para 11,3%, em julho, estimulado pelas operações com empresas, que passou de 11,8% para 15%, enquanto as operações com famílias mantiveram elevação de 8,5%. Agência Brasil.